Quando o luto se torna uma doença

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O luto é um sentimento que, infelizmente, todos nós vamos enfrentar em algum momento da vida. Os impactos de perder alguém importante não afeta apenas a parte emocional, mas também o lado fisiológico e social da pessoa.

Apesar de ser uma reação normal do ser humano, o luto pode virar uma doença quando se tornar mais difícil que o habitual: o que os especialistas chamam de “luto complicado”.

A psicóloga Juliana Batista, do Hospital do Coração em entrevista ao Portal Drauzio Varella, explica que todo processo de luto tem um começo, um meio e um fim. “Diversas reações emocionais são despertadas [com a morte de alguém], como tristeza, ansiedade, culpa e raiva. Isso é muito comum. A pessoa também pode, num primeiro momento, querer se isolar do convívio social. Em relação às alterações físicas, podem ocorrer sudorese, palpitação e fraqueza, já que o corpo fica sob estresse. A reação varia de pessoa para pessoa, mas não há como evitar o processo de luto.”

Assim como todos os sentimentos, o luto é vivenciado de forma diferente por cada pessoa. Não se pode mensurar o sofrimento do próximo, e nem definir um período de tempo para que o mesmo supere o luto. Cada individuo enfrenta nesse momento da sua própria maneira e em seu próprio tempo. Basta esperar o tempo e as fases do luto passarem.

AS FASES DO LUTO

Negação – Esse momento é marcado pela resistência em acreditar que o fato realmente aconteceu e até mesmo falar sobre o assunto. A dor é inexplicável e há uma grande dificuldade em lidar com a perspectiva de um futuro sem a pessoa.

Raiva – Nessa fase, a pessoa percebe que a perda realmente aconteceu e que não é possível reverter a situação. A tendência é que a dificuldade em se conformar seja canalizada em raiva.

Negociação – Para aliviar a dor, a pessoa começa a fantasiar a ideia de reverter aquela situação. Essa negociação acontece na cabeça da própria pessoa e, muitas vezes, é voltada para questões religiosas.

Depressão – Normalmente é a fase mais longa do processo de luto, e é caracterizada por um sofrimento maior. É marcada por uma sensação de impotência, melancolia, culpa, ansiedade, crises de choro, desânimo e desesperança. Entre outros fatores, também é comum que a pessoa tenda a se isolar por um período indeterminado.

Aceitação – Ao passar pelas quatro fases do luto, finalmente a pessoa chega a fase de aceitação e começa a ter uma visão mais clara e realista do que está acontecendo e aceita a perda do seu ente querido. A angústia e tristeza dão lugar a tranquilidade e a uma saudade sem dor.

Quando o indivíduo não consegue superar as fases do luto, ele entra no chamado “luto complicado”. Normalmente, isso ocorre com pessoas que perderam entes de maneira abrupta, como em acidentes, tragédias, casos de suicídio e na morte precoce de um filho. “Nesses casos, todo pensamento e ato estarão associados à perda. A pessoa não consegue se desligar. Ela deixa de realizar as atividades costumeiras, como ir ao trabalho e ao supermercado. O problema é que, diante de um enlutado crônico, muitas vezes as pessoas querem medicá-lo para sanar os sintomas quando, na verdade, ele precisa ser ouvido”, completa a psicóloga.

COMO SUPERAR O LUTO

Quando lidamos com uma perda, muitas vezes, nos culpamos por palavras não ditas, abraços não dados, desculpas que não foram pedidas. Isso acontece porque no momento da perda, nossa consciência começa a pensar em tudo que deixamos de fazer por aquela pessoa. Nesse momento, é necessário lembrar que nenhuma relação é perfeita e que falhas cometidas não significam falta de amor e carinho. Entenda que você fez o possível nas circunstâncias vividas e não se torture pelo que não pode fazer.

A dificuldade em seguir em frente é real, mas adaptar-se a nova rotina é necessário. É recomendado fazer mudanças para encarar a vida com a ausência de seu ente querido. Abrace a mudança! Procure fazer atividades que te preencham de felicidade e prazer, busque coisas novas, encontre maneiras positivas de sentir saudades, aproveite as oportunidades da vida. Procure estar ao redor de pessoas que te amam. Amigos e familiares são essenciais para ajudar a passar por esse momento delicado e seguir em frente.

Para ajudar no momento mais difícil de nossas vidas, é importante expressar seus sentimentos e jamais reprimi-lo. Chore. Converse. Coloque tudo pra fora. Procure se abrir com pessoas que entendam sua dor e que te darão o apoio necessário. Quando não expressamos nossos sentimentos tendemos a nos isolar e ficar deprimidos, o que pode afetar ainda mais no processo de luto.

Quando esse momento ficar muito difícil de lidar, procure ajuda profissional.  Os psicólogos são os profissionais qualificados para dar o apoio que lhe falta nesse momento. Eles são de grande importância para cuidar do lado emocional e ajudam a entender e lidar com a perda de forma mais consciente.

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Disponível em: QUANDO O LUTO EXIGE AJUDA PROFISSIONAL https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/quando-o-luto-exige-ajuda-profissional/. Acesso em: 04 de Setembro de 2019

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