A morte é a única certeza que temos sobre a vida, mas ainda assim persiste um grande tabu sobre esse assunto. Por outro lado, nos últimos anos, o interesse por assuntos relacionados à morte cresceu.
Contudo, falar sobre morte é também esbarrar em conceitos religiosos e espirituais, o que faz com que esse assunto seja complexo e repleto de nuances.
Além disso, as mortes prematuras, o receio que as pessoas sentem de perder seus entes queridos e o medo do desconhecido são algumas das razões pelas quais é tão difícil falar sobre morte.
Continue a leitura para entender mais sobre esse assunto.
Por que falar e pensar sobre morte é tão difícil?
De acordo com Maria Julia Kovács em entrevista para o Portal de Divulgação Científica do IPUSP (Instituto de Psicologia da USP) há muitas questões por trás do receio em falar, pensar e tomar decisões que envolvem a morte.
Do mesmo modo, temos como exemplo o receio em falar sobre testamentos ou mesmo a contratação de planos funerários.
Além disso, pessoas em idade avançada ou com doenças severas relatam que podem “sentir a morte chegando”, assim como seus entes queridos.
Já em outros casos, há mortes inesperadas que costumam ser mais difíceis de aceitar. Independente de como a morte acontece, muitas pessoas têm dificuldade em falar sobre o assunto.
Ainda na mesma entrevista, a médica especialista em Medicina Paliativa, Cristiana Guimarães Paes Savoi, afirma que a morte é o grande tabu da nossa sociedade.
Para a médica, com o avanço de procedimentos estéticos rejuvenescedores, as pessoas passaram a negar o envelhecimento e a morte, todos estão interessados em fazer procedimentos para parecer 10 anos mais jovens.
Para as duas especialistas, falar sobre morte é difícil porque envolve pilares culturais e religiosos. A morte é quase como um assunto proibido, do qual privamos as crianças, inclusive, de comparecer a cerimônias fúnebres, como velórios e enterros.
O cenário é otimista: as pessoas estão mais interessadas sobre a morte
Apesar das limitações, Kovács se mostra otimista. A psicóloga é também coordenadora do Laboratório de Estudos Sobre a Morte, um grupo de estudos que aborda as questões psicológicas sobre a morte.
Em reuniões abertas, palestras e outros momentos em que há abertura para a comunicação, ela conta que as pessoas têm demonstrado mais interesse em participar e dialogar sobre o assunto.
Ainda de acordo com a psicóloga, essa é a melhor maneira de superarmos o grande tabu da morte: falar sobre ele.
A morte deveria fazer parte do cotidiano não apenas quando nos deparamos com notícias trágicas, mas deveria fazer parte de conversas em família, na escola e com os amigos.
Além disso, a psicóloga acredita que os cursos da área da saúde deveriam se especializar no assunto para formar profissionais capacitados em conduzir espaços para reflexão e diálogo sobre a morte.
A morte é natural e deve ser naturalizada
Para Savoi, a morte é apenas uma das etapas fundamentais da vida, todos nós vamos morrer. Para a médica, os dogmas religiosos atrapalham o processo de aceitação da morte, já que para muitas religiões “a vida deve ser preservada a qualquer custo”.
Além disso, para a especialista em cuidados paliativos, assumir que somos mortais é fundamental para que possamos, inclusive, aproveitar a vida com mais saúde e autonomia.
Naturalizar a morte e pensar na forma como vamos terminar nosso ciclo de vida é fundamental a nível individual e também coletivo.
Afinal, planejar os nossos momentos finais e também os das pessoas que amamos é importante para ter mais tranquilidade na etapa de despedida.
Portanto, com planejamento e mais abertura sobre esse assunto, podemos ter um processo de luto com respeito, acolhimento e sem mais preocupações.
Acesse nosso blog e saiba mais sobre o tema!
Disponível em: Interesse por assuntos relacionados à morte cresceu, segundo especialista.https://sites.usp.br/psicousp/interesse-por-assuntos-relacionados-morte-cresceu-segundo-especialista.Acesso em: 10 de março de 2023.