Luto em família: como superar?

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O luto é um sentimento que todos nós iremos enfrentar um dia. Cada pessoa passa por esse momento de formas diferentes e leva um período de tempo diferente para se adaptar a nova realidade. É difícil enfrentar o luto e dizer quando chegou ao fim. É importante encarar isso tudo como um processo natural e não tentar apressar as fases do luto. Não é uma formula mágica ou uma receita de bolo.

A psicóloga Juliana Batista, do Hospital do Coração em entrevista ao Portal Drauzio Varella, explica que todo processo de luto tem um começo, um meio e um fim. “Diversas reações emocionais são despertadas (com a morte de alguém), como tristeza, ansiedade, culpa e raiva. Isso é muito comum. A pessoa também pode, num primeiro momento, querer se isolar do convívio social. Em relação às alterações físicas, podem ocorrer sudorese, palpitação e fraqueza, já que o corpo fica sob estresse. A reação varia de pessoa para pessoa, mas não há como evitar o processo de luto.” Conheça as fases que o luto pode trazer.

AS 5 FASES DO LUTO QUE VIRÃO PELA FRENTE

Negação – Esse momento é marcado pela resistência em acreditar que o fato realmente aconteceu e até mesmo falar sobre o assunto. A dor é inexplicável e há uma grande dificuldade em lidar com a perspectiva de um futuro sem a pessoa.

Raiva – Nessa fase, a pessoa percebe que a perda realmente aconteceu e que não é possível reverter a situação. A tendência é que a dificuldade em se conformar seja canalizada em raiva.

Negociação – Para aliviar a dor, a pessoa começa a fantasiar a ideia de reverter aquela situação. Essa negociação acontece na cabeça da própria pessoa e, muitas vezes, é voltada para questões religiosas.

Depressão – Normalmente é a fase mais longa do processo de luto, e é caracterizada por um sofrimento maior. É marcada por uma sensação de impotência, melancolia, culpa, ansiedade, crises de choro, desânimo e desesperança. Entre outros fatores, também é comum que a pessoa tenda a se isolar por um período indeterminado.

Aceitação – Ao passar pelas quatro fases do luto, finalmente a pessoa chega a fase de aceitação e começa a ter uma visão mais clara e realista do que está acontecendo e aceita a perda do seu ente querido. A angústia e tristeza dão lugar a tranquilidade e a uma saudade sem dor.

COMO CONTAR A UMA CRIANÇA SOBRE O FALECIMENTO?

Quando se trata de crianças, é preciso explicar de forma calma e com amor, sem criar a expectativa de que eles vão entender de primeira. Até os 7 anos de idade, as crianças ainda não compreendem bem o fato de alguém próximo ter falecido. Por isso, é importante falar a verdade, explicando que essa pessoa não vai mais estar por aqui, mas que sempre estará em seu coração.

Não é recomendado por psicólogos dizer que o ente querido foi viajar, que se mudou ou que virou estrela, pois isso pode prejudicar o entendimento da criança, impedindo que ela entenda que a morte faz parte da vida. Mesmo que a intenção dos pais seja de aliviar o sofrimento dos filhos, isso pode dificultar a compreensão e a experiência de passar por esse momento, que futuramente pode virar uma saudade boa.

É normal que a criança apresente um comportamento diferente, porém temporário. Eles podem apresentar insônia, pesadelos, raiva, irritabilidade, impaciência, falta de apetite ou muito apetite, e claro a tristeza. Os pequenos também vivenciam as 5 fases do luto, e como todos nós, também superam essa tristeza. A vida é feita de despedidas e os pais precisam ensinar aos filhos a passarem por esse momento e a superá-los. Quanto mais informações ela receber menos doloroso será o luto.

LEVAR OU NÃO AS CRIANÇAS AO VELÓRIO?

Além da hora de dar a noticia, há outro momento crucial: o velório. Não antecipe a reação da criança. Explique para ela o que é esse ritual de passagem e pergunte se ela deseja ir. Caso a resposta seja não, respeite. Mas é legal fazer um ritual com essa criança, como: escrever uma carta ou soltar um balão, por exemplo. É preciso que as crianças tenham uma despedida do ente querido, mesmo que não seja indo ao funeral. Jamais obrigue a criança a ir ao velório, isso pode ser muito impactante para ela. E caso ela deseja ir, esteja ao lado da criança e seja um apoio para ela nesse momento delicado.

O QUE O LUTO NOS ENSINA

Quando recebemos a noticia de que alguém faleceu, já é algo que nos faz refletir que a vida é curta e frágil. Mas quando você perde alguém que ama, começa a dar valor as pessoas importantes que estão ao redor. O pensamento de perder quem amamos é aterrorizante e imaginar como seria viver sem essa pessoa é de dar calafrios.

– DAR VALOR AS COISAS SIMPLES

Como dizia Chorão em sua música: “Agora sei o quanto é precioso o nosso tempo. A gente tem que dar valor. Certas coisas não têm preço”. Pode até ser clichê, mas é um fato. Momentos simples como tomar um café da manhã ou ficar na varanda conversando faz falta quando não podem mais ser vividos.

– DEDICAR UM TEMPO PARA FICAR COM QUEM AMAMOS É IMPORTANTE

Sabe aquele parente que você gosta muito, mas que para chegar na casa dele é preciso mais de 1 ônibus e sempre deixamos pra outro dia? Então, quando não pensamos que a vida passa tão rápido, parece bobeira. Mas quando perdemos essas pessoas, ficamos pensando em quantas vezes ficamos no sofá assistindo TV em vez de ir lá almoçar juntos.

Agora, eu prefiro pegar mais de uma condução e ter momentos vividos com essas pessoas do que o arrependimento de não ter o visto o suficiente.

– DEUS NÃO TEM CULPA

A fé é algo imensurável, não há como negar o seu poder e seu efeito em nós. Mas algumas vezes, pessoas enlutadas, culpam Deus por ter levado aquela pessoa que tanto amava.

Eu cheguei à conclusão de que Ele não tem culpa. A vida nos foi dada, propósitos foram feitos e o nosso ultimo suspiro chegará algum dia. Nos basta aproveitar esse intervalo e viver da melhor maneira possível.

– O AMOR IMPORTA

E por ultimo, mas não menos importante: o amor importa! Sendo a vida tão breve e passageira, nos basta expressar o amor por aqueles que amamos.

Se você está com saudade, liga ou manda uma mensagem. Se você ama, expresse! Se você se importa, fale! Só não deixe pra fazer isso no dia do velório. As lágrimas não valerão de nada, mas o amor vivido vale por uma eternidade.

COMO SUPERAR O LUTO EM FAMÍLIA?

Quando lidamos com uma perda, muitas vezes, nos culpamos por palavras não ditas, abraços não dados, desculpas que não foram pedidas. Isso acontece porque no momento da perda, nossa consciência começa a pensar em tudo que deixamos de fazer por aquela pessoa. Nesse momento, é necessário lembrar que nenhuma relação é perfeita e que falhas cometidas não significam falta de amor e carinho.

A dificuldade em seguir em frente é real, mas adaptar-se a nova rotina é necessário. É recomendado fazer mudanças para encarar a vida com a ausência de seu ente querido. Abrace a mudança! Procure fazer atividades que te preencham de felicidade e prazer, busque coisas novas, encontre maneiras positivas de sentir saudades, aproveite as oportunidades da vida. Procure estar ao redor de pessoas que te amam. Amigos e familiares são essenciais para ajudar a passar por esse momento delicado e seguir em frente.

Para ajudar no momento mais difícil de nossas vidas, é importante expressar seus sentimentos e jamais reprimi-lo. Chore. Converse. Coloque tudo pra fora. Procure se abrir com pessoas que entendam sua dor e que te darão o apoio necessário. Quando não expressamos nossos sentimentos tendemos a nos isolar e ficar deprimidos, o que pode afetar ainda mais no processo de luto.

Se caso necessário, procure ajuda profissional.  Os psicólogos são os profissionais qualificados para dar o apoio que lhe falta nesse momento. Eles são de grande importância para cuidar do lado emocional e ajudam a entender e lidar com a perda de forma mais consciente.

Apesar de tudo, a vida continua. Perder alguém que gostamos é tirar um pedaço de nós, mas precisamos levar em consideração que temos pessoas vivas que nos amam e precisam de nós e nos querem ver felizes. Por isso, liberte-se a dor e tristeza. Busque a felicidade e esteja rodeado de amor e pessoas que te façam feliz.

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Disponível em: Luto: a dor da perda é insuportável, mas transitória. https://spdm.org.br/noticias/saude-e-bem-estar/luto-a-dor-da-perda-e-insuportavel-mas-transitoria/. Acesso em: 08 de Novembro de 2019.

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